Depressão Pós-Loco

Não sei se é meu estado de espírito. Estou um pouco depressivo. Mas não vejo motivo algum para comemorar a chegada de Seedorf nesta sexta-feira, às 9 horas, no Aeroporto Tom Jobim. Ainda estou de “ressaca” pela saída de Loco. Não sou daqueles que termina com uma namorada e já estão com outra. Apaixonei-me muitas vezes na vida. E sempre que o relacionamento terminava, demorava um tempo para cicatrizar.

Está doendo muito essa saída do Loco. A sensação é parecida com a de quando fui ver um jogo do Botafogo em Macaé e goleamos por 5 a 0, mas Loco não marcou nenhum gol. Naquele jogo vi o quanto Loco era importante para o time e para mim. Não comemorei tanto a goleada pois Loco não havia marcado. Em outro jogo que vi em Campos, Loco não veio pois estava com a Seleção Uruguaia.

Também não vi Loco marcar contra o Figueirense, seu novo clube, na minha estreia no Engenhão. Naquele jogo, um flamenguista que foi junto comigo e com meu pai no jogo disse. “E eu torcendo prá vocês. E esse Loco Abreu, vocês falam tanto de Loco Abreu, e ele não faz nem um golzinho. Cadê esse Loco Abreu que vocês tanto falam”, falou isso o flamenguista, ou algo parecido.

O mesmo falou outro flamenguista, meu tio e padrinho. Que o Loco do qual tanto falamos não joga nada. Vindo de um flamenguista, não é de se estranhar. Afinal, eles são insensíveis, como a mulher que falou que a torcida do Botafogo cabe dentro de uma Kombi. Deu vontade de mandar ela tomar naquele lugar. Por isso que eu tenho raiva desses flamenguistas de merda.

Mas críticas ao Loco virem de quem se diz torcedor do Botafogo. Estou revoltado. Tem gente que diz muita bobagem. Outro despeitado, disse que Romarinho é melhor do que Seedorf. Fico pensando como as pessoas são tão ignorantes.

O ser humano é errôneo. Tomara que essa sensação de injustiça passe. Quando Dodô saiu do Botafogo, eu também fiquei muito triste. Mas depois vi que foi o melhor para o clube, que precisava respirar novos ares.

Ainda não caiu a ficha de que o Botafogo está se renovando, provavelmente para melhor.

Ainda assim, fica um vazio no peito, um sentimento ruim, de que o mundo é uma roda viva.

Prefiro a calma à euforia.

Se a vitória empolga, a derrota conscientiza.

Não estou preparado para deixar de ser sofredor.

O Corinthians acabou por um momento com esse estigma.

Mas nós botafoguenses, estamos tão acostumados a se voltar para dentro.

A lamentar os erros.

Que essa dose de euforia e empolgação pela chegada de Seedorf não poderia condizer com nossa realidade, que hoje é mais a perda de um grande ídolo do que a chegada de um novo possível ídolo.

Só o amanhã dirá o quanto eu estou errado em afirmar que o Botafogo morreu hoje, para renascer, quem sabe mais vencedor, mas nunca tão vibrante.