Sandro explicou
o porquê de tanta indignação após sair expulso no jogo contra o São Paulo que
rebaixou o Botafogo em 2002. “O sentimento era de revolta, indignação e
tristeza. O time caiu porque ninguém recebia. Eu gostava de jogar no Botafogo.
Claro que a gente tem de pagar as contas. Mas eu queria estar em campo. Eu
jogava por amor ao Botafogo. Mas não pude jogar muitas partidas em 2002 por
causa da cirurgia que fiz no joelho. Só que muitos ali não estavam preocupados
com o Botafogo. No jogo contra o Guarani na penúltima rodada alguns jogadores
forçaram a expulsão para não jogar a última partida. Teve jogador que chegou
com gesso na perna sem ter nada. Eu, mesmo machucado, pedi para jogar o último
jogo. O Botafogo ficou cinco meses com os salários atrasados e os dirigentes
deram esse direito aos jogadores”.
Perguntado
sobre o fato dele ter sido um dos poucos jogadores que ficaram do time que foi
rebaixado em 2002 para a disputa da Série B, Sandro disse: “Era uma obrigação
minha. A gente tinha levado o clube ao rebaixamento, mesmo, repito, eu não
tendo jogado muitas partidas em 2002 por causa da cirurgia que fiz no joelho.
Fiquei 2000, 2001 e 2002 muito tempo lesionado. Aí eu pedi ao Bebeto e ao Levi
para disputar a Série B de 2003. Fiquei e graças a Deus a gente subiu o time
para a 1ª divisão. Limpei a ficha, tirei um peso das costas. Era um time muito
experiente, uma equipe de guerreiros, sem muita condição financeira. O que
prevaleceu naquela Série B não foi dinheiro, foi a vontade de colocar o
Botafogo na 1ª divisão. Só subiam dois e o quadrangular foi muito difícil, mas
a gente conseguiu colocar o Botafogo de
volta onde nunca deveria ter saído”.
Sandro contou
que o gol contra o Marília no jogo do acesso foi o mais importante da carreira
dele. Ele revelou que a batida no braço que ficou eternizada foi uma promessa. “Em
99 eu fiz um gol contra o Flamengo. O Botafogo como sempre brigando para não
cair. Botafogo não, os dirigentes brigando para não cair. Porque o Botafogo não
é para brigar para não cair. O Botafogo, a instituição, não tem culpa de nada.
A culpa é dos maus dirigentes. Aí eu fiz o gol de falta e bati no braço e
gritei: ‘Segunda não. Botafogo é primeira’. E naquele ano o Botafogo não caiu”.
Sandro falou
sobre o estádio Caio Martins em Niterói-RJ, que foi anunciado nesta semana que
deverá ser devolvido em 2021: “Eu gostava de jogar no Caio Martins. Mas eu preferia
jogar no Maracanã. O Maracanã é encantador. Mas na Série B o Caio Martins foi
muito importante”.
Quanto ao fato de ter declarado que queria ter começado, ter ficado mais tempo e
encerrado a carreira no Botafogo, Sandro comentou: “Eu queria ser igual Nilton
Santos, que começou e terminou a carreira no Botafogo. Eu queria ter tido este
privilégio. Quando eu estava em Portugal, o pessoal queria que eu voltasse para
o Botafogo, mas meu futebol já tinha caído e eu não estava mais à altura para
jogar no Botafogo. Eu amo esse clube. O Botafogo é diferente. Aprendi a amar o
Botafogo no sofrimento. Fui escolhido”.
O
ex-zagueiro comentou ainda sobre o fato de sua imagem estar pintada no
tradicional muro de General Severiano. “Não paguei para estar ali. Nenhum ali
pagou para estar. A maior conquista da minha vida é estar naquele muro”.
Sobre a
votação do site Globoesporte.com, em que foi escolhido o 5º melhor jogador do
Botafogo no século XXI com mais de 6 mil votos pela internet, Sandro disse o
seguinte: “Fiquei muito feliz. Ser escolhido o melhor zagueiro de Botafogo em
20 anos. Não esperava. Estou lá. Agradeço à galera do Fogão”.
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