domingo, 26 de maio de 2013

O brio alvinegro

De preto, envolto numa atmosfera tensa e ampliando a já natural apreensão de seus torcedores, o Botafogo iniciou nova caminhada. Um trajeto longo, esse do Campeonato Brasileiro, que começou ontem, sábado, dia 25 de maio, e só termina dia oito de dezembro. E a tática para grandes percursos é difundida há séculos: um passo de cada vez. O primeiro, contra o Corinthians, atual campeão do mundo, fora de casa, seria um dos mais difíceis.

O embalo pela conquista do Campeonato Estadual, a série de 16 jogos invicto, a solidez da defesa, a eficiência do ataque e a habilidade do meio-de-campo estimulavam a torcida a projetar uma linha de chegada triunfal. Se não com o título nacional após 18 anos, ao menos com uma folgada vaga na sonhada Taça Libertadores - que, registre-se, pode ser concretizada com a conquista da Copa do Brasil ou da Copa Sul-Americana.

Ao mesmo tempo, dando crédito ao mito de que há coisas que só acontecem ao Botafogo, a crise no clube explodiu repentina, surpreendente. Os jogadores protestaram contra os atrasos salariais, Jefferson e Seedorf tiveram um desentendimento (mais um), o presidente está de licença e os atuais comandantes parecem carecer de tato para lidar com a situação. Coube a Oswaldo de Oliveira acumular o papel de bombeiro.

Pelo contexto interno, somado à indiscutível qualidade do adversário, o cenário, antes positivo, foi coberto por nuvens carregadas de interrogação. A principal delas: os atletas, que recusaram a concentração e causaram transtornos administrativos, se empenhariam como antes? Ou: até que ponto os problemas iriam afetar no rendimento em campo? As dúvidas, por certo, percorreram as mentes alvinegras por todos os cantos.

Quando a bola rolou, em minutos percebeu-se a mesma entrega, raça e disciplina tática dos últimos tempos. O primeiro tempo foi todo do Botafogo. Tivesse deixado o gramado com uma vantagem maior, além do gol solitário de Rafael Marques, não seria exagero. Na etapa final o Corinthians melhorou e empatou num lance dividido por três; foi de Douglas, que cobrou a falta; de Paulinho, que roçou de cabeça; e de Marcelo Mattos, que desviou com a nuca para dentro.

Fez-se justiça ao desempenho das duas equipes. Bom jogo, de várias alternativas. Seedorf com a costumeira categoria, brilhou em alguns momentos. Lodeiro apanhou muito. Lucas desperdiçou três chances. Jefferson espalmou para longe uma bola difícil. E Bolívar tornou-se barreira quase intransponível por cima e por baixo. A atuação, geral, agradou. Foi a elegante e profissional resposta aos que questionaram o reflexo nas quatro linhas das circunstâncias atuais.

Álvaro Marcos

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Tu és o Glorioso!

Incontestável. É esta palavra, de pouco uso, a expressão perfeita para definir o título do Botafogo. Sobram argumentos para justificá-la; campeão dos dois turnos, melhor ataque, defesa menos vazada, time que mais pontuou na soma geral e a equipe de futebol mais vistoso. O fato de jogar com autoridade e ofensivamente, mesmo com a vantagem do empate, diante do atual campeão carioca e brasileiro também merece destaque.

O reflexo de Jefferson, a volúpia de Lucas, a firmeza de Bolívar e Dória, a maturidade de Júlio César, a garra de Marcelo Mattos e Gabriel, a aplicação de Fellype Gabriel, a entrega de Lodeiro, a genialidade de Seedorf e a superação de Rafael Marques formaram a base deste alvinegro vencedor. Sob a batuta do sereno Oswaldo Oliveira, quase sempre tranquilo mesmo nos momentos mais tensos vividos entre o fim de 2012 e o início deste ano.

Dá gosto ver o Botafogo jogar. É um orgulho que voltou a ser conquistado drible a drible, gol a gol, vitória a vitória, goleada a goleada. Na falta de um ou outro titular, não bate mais o desespero pela ausência de substituto à altura. Tem gente como Antônio Carlos, Renato, Andrezinho, Vitinho e Bruno Mendes esperando a oportunidade de voltar e não sair mais. Uma tranquilidade para treinador e torcedores. Há certeza de que o grupo é forte e sólido, sim.

Ontem, fora uns 10, 15 minutos de nervosismo, o Botafogo, de novo, sobrou. Teve contra si um grande adversário. Um dos melhores do país, ao lado de Corinthians e Atlético Mineiro. E enfrentou, novamente, uma arbitragem péssima deste execrável Marcelo de Lima Henrique. Um gol legítimo foi anulado com o jogo ainda empatado. Ele ainda marcou pênalti em lance que resultou em gol. Uma lástima, como sempre.

Árbitro à parte, o ataque funcionou com a intensa movimentação que lhe é característica. Fellype Gabriel (no primeiro tempo), Rafael Marques, Lodeiro e Seedorf (no segundo) desperdiçaram boas chances. Poderia ter sido, sem exagero algum, uns três, quatro a zero. Futebol para isso o time jogou. No fim, o grito de "olé". Seguido por "é campeão". Na alma de cada botafoguense, ecoa a glória de ser alvinegro. Hoje, ninguém cala esse nosso amor.

Álvaro Marcos

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Árbitro que roubou o Botafogo em 89 admite que é flamenguista

No dia da liberdade de expressão, em que a Comissão da Verdade pede a exumação do corpo de Jango para saber se o ex-presidente da república quando do Golpe de 64 morreu envenenado, o Globo Esporte em seu quadro "Frente a Frente" relembra o gol de Paulinho Criciúma anulado em 89 contra o Flamengo na Taça Guanabara. O árbitro Luis Carlos Félix que encerrou a partida num lance de ataque do Botafogo dentro da área do Flamengo, admitiu que é flamenguista: "Hoje tenho um pouquinho do Botafogo dentro de mim" - ele chegou a trabalhar no Botafogo como consultor de arbitragem "(...) apesar de ser flamenguista, lógico que não escondo de ninguém". Nem precisou de tortura. Será que um dia Djalma Beltrami, Marcelo de Lima Henrique, entre outros que já assaltaram o Botafogo para favorecer o Flamengo, virão a público para assumir o flamenguismo deles? Veja o quadro completo aqui.