quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Campeonatozinho de bosta!

Sou sempre interpelado pelo bravo Wesley Machado, fundador e principal escriba desse blog sobre minhas postagens sobre o nosso Glorioso. Eu sempre respondo que estou cheio de coisas para escrever e muito trabalho e por isso quase não apareço por aqui.
Hoje vou pedir licença ao Wesley e aos nobres amigos desse blog para falar não só do Botafogo, mas desse Campeonato Estadual que, com o perdão da palavra, é uma merda!
E é uma merda, em grande parte, por culpa desse senhor que está aí na foto: Rubens Lopes. Não sou órfão de Caixa D'Água, mesmo sendo eu torcedor confesso do Americano. A gestão do campista foi um desastre tão grande quanto a de seu siucessor, a diferença é que os times pequenos ganharam alguma projeção, mas mesmo assim, eram sempre superados pelos times grandes. O prórpio Caixa disse diversas vzes que time pequeno não tinha com vencer time grande e que eles sempre iriam ganhar, ou seja, os pequenos podem até brincar no mesmo quintal dos grandes, mas no fim a Taça não vai atravessar a ponte Rio-Niterói.
Hoje o Campeonato Estadual é deficitário, uma vergonha para os times de menor investimento que entram na competição para servirem como sparrings dos clubes grandes, não têm e nunca terão a chance de vencer o Estadual, em hipótese alguma. Quando conseguirem chegar perto disso, serão fragorosamente roubados e perderão a competição de uma forma ou de outra.
Isso já aconteceu com o Bangu, Americano, Volta Redonda, Madureira, Cabofriense e outras equipes que já perderam a oportunidade de levantar a Taça porque um dos times grandes resolveu roubá-la, e geralmente "na mão grande".
As taxas cobradas pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro são absurdas, um verdadeiro crime. Não há como um clube com poucos recursos sobreviver na Série A, e agora mesmo na Série B, as taxas são desumanas, não são muito menores que na Série A. Não há como gastar cerca de 10 mil reais por jogo, isso é uma absurdo que só a Federação do Rio consegue patrocinar.
Não tenho a menor vontade de assistir aos jogos dessa competição. Antes assistia porque via o Americano jogar, e torcia para que o Botafogo ganhasse o título, hoje nem isso me interessa. O Americano foi incompetente em 2012 e não conseguiu se manter na Série A, já estava na mira faz tempo, fez por onde e perdeu a vez. Por outro lado, e isso não pode contar como desculpa para a queda, não conta com o apoio do poder público, patrocinador velado do seu co-irmão, o Goytacaz, que hoje, time da moda, está na bola da vez para subir para a Série A, por obra e graça dos políticos de Campos que utilizam clube e torcida como massa de manobra e ferramenta política para as eleições municipais e estaduais. Tudo com o consentimento da diretoria alvianil. Quando encontrarem um brinquedo novo deixam o time da Lapa de lado.
No entanto, instala-se em Campos e pelo interior do Estado uma questão importante: as prefeituras não são obrigadas a investir em clubes de futebol como se esses fossem repartições públicas. O problema é que quase todos os clubes têm como principal investidor as prefeituras de suas cidades, com a desculpa de que os times "representam e levam o nome da cidade pelo Estado". Até pode ser verdade, mas isso não exclui o fato de que esse apoio não deveria existir. Se existe, que seja igual para todos. Mas clube, tem que andar com as próprias pernas, se não consegue, paciência.
O parco investimento dos clubes do interior é apenas um dos problemas que o Cariocão enfrenta, com a certeza de que entrarão apenas para fazer figuração, os jogos são previsíveis  e as partidas são duras de se ver. Para assistir a partidas como Resende x Nova Iguaçu, ou ainda Botafogo x Boavista; Fluminense x Quissamã; Vasco x Macaé é preciso ter uma paciência de Jó, pois o espetáculo é deprimente.
Os Campeonatos Estaduais deveriam acabar. Ou então, essa fórmula utilizada pela Ferj deveria ser revista. A regionalização da competição em suas primeiras fases seria, talvez, a melhor saída. Menos gastos, mais possibilidades de vitória e a certeza de que entrariam em uma competição mais justa.
O problema é que a Ferj não quer isso. O que ela quer é essa proximidade com a política, com os corruptos, com os que utilizam os clubes para lavar dinheiro sujo e assim, poder cobrar cada vez mais taxas dos pequenos. Sem dinheiro, o futebol desses times vai se apequenar cada vez mais. Os clubes grandes, que deveriam se preocupar com Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil e Sul Americana, precisam de mais tempo para treinar e montar um bom elenco, perdem tempo nessa competição falida jogando em estádios ridículos e batendo em cachorro morto. No final de tudo nós já sabemos quem vai pra final: Botafogo, Fluminense, Vasco e Flamengo. E se algum pequeno, por sorte, chegar a semifinal, também sabemos que não vai levantar a Taça.
Não vejo porque o Botafogo perde tempo com Estadual, só mesmo para testar elenco e preparar o time para as competições mais importantes. E anda é muito.
Desculpem o desabafo, mas estou labutando na imprensa esportiva desde 2004. Passei por rádio, assessoria e estou no jornal como repórter e editor. Achei que se eu me importasse demais com o que acontece nos bastidores eu acabaria por desistir de acompanhar o futebol, e é exatamente o que está acontecendo. Não há como fechar os olhos para as coisas que acontecem nos bastidores do futebol carioca. O ano de 2012 foi um carnaval de bandalheira, corrupção, lavagem de dinheiro,  e me deu nojo e vergonha assistir a isso tudo impassível, sem poder fazer nada, por essas e outras abandonei uma das minhas funções, senti que estava compartilhando com tudo de sujo e podre que estava acontecendo no futebol de Campos e do Rio de Janeiro. Infelizmente não há o que fazer. Todos têm conhecimento disso, mas não há como consertar, pelo menos não vamos conseguir mudar daqui de onde estamos. Não adianta agir como um Dom Quixote tentando destruir o Dragão. Ele é bem maior, bem mais forte e muito mais rico do que podemos imaginar.
Campeonato Estadual virou passatempo, não me estresso ou torço mais por isso, a pouca importância que tinha acabou faz tempo, agora não é nem mais divertido. Ou os clubes pequenos se organizam e desistem de jogar a competição dessa forma ou vão amargar o ostracismo durante todo o ano.
Peço desculpas mais uma vez por utilizar esse espaço sagrado para esse desabafo.

Escrito e postado por Cassio Peixoto.

Um comentário:

  1. Texto magnífico!

    O que a Ferj faz com os clubes pequenos é um roubo. Tiro isso pelo que vivi em 2012 e estou vivendo em 2013 com o Paduano. Fomos campeões da Série C e ganhamos o que? 20 medalhas e um troféu de lata que não custa 100 reais.

    Aí, no campeonato de ligas - elas que garantem a eleição do Sr. Lopes -, dão R$ 15 mil de premiação ao campeão.

    Ano passado, uma vistoria num estádio custava mil reais. Hoje, para 2013, custa o triplo desse valor.

    Um clube que se sente lesado por ver outro escalar alguém irregular, precisa pagar MIL REAIS para exercer seu direito no TJD da Ferj. Basta ver que o Arturzinho não inscreveu ninguém na Série C de 2012, e só perdeu 3 pontos, porque só um time teve grana para entrar contra eles.

    Absursdo o império ferjiano criado para sustentar mais de 20 vice-presidentes dessa entidade.

    Em 2011, o que aconteceu com o Cardoso Moreira e São João da Barra era caso de Ministério Público

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