segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

TU ÉS NOSSO IMENSO PRAZER

Quero começar essa primeira postagem agradecendo o convite do Wesley e dizendo estar feliz por ingressar num espaço de amigos que guardo no lado esquerdo do peito, um espaço da Estrela Solitária e plural em estrelas. O tempo não é muito (não é pra ninguém) e até por isso aceitei o convite, em dia de festejar o “triunfo” de permanecer na Série A e sonhar com um 2010 maravilhoso, completamente diferente daquilo que vivenciamos nesse ano. Já tenho compromisso com o meu riobranquense, mas será um prazer contribuir. Quero começar republicando um artigo que assinei na edição de 27 de abril de 2007 da Folha da Manhã, véspera de uma decisão de campeonato, dias após a morte de um amigo alvinegro, intitulado “Agora sim, botafoguense”, onde explico minha relação com essa gente linda que canta que “tu és o glorioso, não pode perder, perder pra ninguém”.

Agora sim, botafoguense

Cresci observando uma espécie de chacota que faziam com meu irmão Alon Cley quando ele era perguntado (ainda menino) sobre o porquê de ser botafoguense. Ele sempre respondia: por causa do tio Raimundo. A resposta ficou meio que folclore familiar. Raimundo é um tio muito especial, alegre e festeiro, além de ser o de idade mais próxima de nós. Eu, filho mais velho, puxava a sardinha (ou melhor, um bacalhau inteiro) para o Vasco do meu pai, até por ter grande admiração pelo Roberto Dinamite, que manteve com Zico a rivalidade mais bonita, leal e ética que vi no esporte.
Não cresci botafoguense, portanto. Mas, acho que tenho quase obrigação de morrer botafoguense. Salvo exceções, as pessoas que amo são botafoguenses. Esse time é capitaneado por Alon e por Arnaldo Garcia (um outro irmão que a vida me emprestou), além de Maria do Socorro Sarmet (que, com seu amor, não me deixa ser uma estrela solitária).
Mas, essa confissão só pôde ser feita agora por um motivo simples: Lenilson Chaves morreu achando que eu era botafoguense. Desde que o conheci, lá no início da década de 90, sabendo que era alvinegro, o cumprimentava perguntando pelo Fogão. E ele sempre colocava um “nosso” antes da resposta, fosse ela eufórica ou encabulada, como no rebaixamento de 2002. Aliás, nossas conversas a respeito de futebol fizeram com que ele me convidasse para apresentar o sociólogo Roberto da Matta, no lançamento do livro “A bola corre mais que os homens”, na última edição da Bienal do Livro.
E perdemos um botafoguense especial. Homem de atuação reta no campo da política, o quem mais me chamava atenção em Lenilson Chaves era como ela falava de forma suave, mesmo quando estava em defesa daquilo que acreditava no mais calorento debate. Brigava pelo seu pensamento falando de forma doce, como se estivesse diante de uma bola num canto direito de um gramado retangular, tendo a certeza de que a qualquer instante seu marcador cairia pelo gingado simples de suas pernas tortas.
Lenilson, que o “nosso” Fogão fique com o caneco e que nós (seus amigos, botafoguenses ou não) possamos brindar a sua existência.

Antunis Clayton

2 comentários:

  1. Que alegria a chegada do Antunis, irmão do amigo Alon aqui neste espaço!!!
    Bela aquisição!!!! Merecemos!!!
    saudações alvinegras

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