quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ex-Zagueiro Sandro revela bastidores do rebaixamento do Botafogo em 2002: "O time caiu porque ninguém recebia"

O ex-zagueiro e capitão do Botafogo, Sandro, participou na noite de quarta-feira (29/04) de uma Live no Instagram com o jornalista botafoguense Wesley Machado. Na oportunidade, Sandro, que jogou de 1999 a 2004 no Botafogo, abordou sobre vários assuntos, como o rebaixamento em 2002, a disputa da Série B em 2003 e a volta à 1ª divisão.

Sandro explicou o porquê de tanta indignação após sair expulso no jogo contra o São Paulo que rebaixou o Botafogo em 2002. “O sentimento era de revolta, indignação e tristeza. O time caiu porque ninguém recebia. Eu gostava de jogar no Botafogo. Claro que a gente tem de pagar as contas. Mas eu queria estar em campo. Eu jogava por amor ao Botafogo. Mas não pude jogar muitas partidas em 2002 por causa da cirurgia que fiz no joelho. Só que muitos ali não estavam preocupados com o Botafogo. No jogo contra o Guarani na penúltima rodada alguns jogadores forçaram a expulsão para não jogar a última partida. Teve jogador que chegou com gesso na perna sem ter nada. Eu, mesmo machucado, pedi para jogar o último jogo. O Botafogo ficou cinco meses com os salários atrasados e os dirigentes deram esse direito aos jogadores”.

Perguntado sobre o fato dele ter sido um dos poucos jogadores que ficaram do time que foi rebaixado em 2002 para a disputa da Série B, Sandro disse: “Era uma obrigação minha. A gente tinha levado o clube ao rebaixamento, mesmo, repito, eu não tendo jogado muitas partidas em 2002 por causa da cirurgia que fiz no joelho. Fiquei 2000, 2001 e 2002 muito tempo lesionado. Aí eu pedi ao Bebeto e ao Levi para disputar a Série B de 2003. Fiquei e graças a Deus a gente subiu o time para a 1ª divisão. Limpei a ficha, tirei um peso das costas. Era um time muito experiente, uma equipe de guerreiros, sem muita condição financeira. O que prevaleceu naquela Série B não foi dinheiro, foi a vontade de colocar o Botafogo na 1ª divisão. Só subiam dois e o quadrangular foi muito difícil, mas a gente conseguiu colocar o Botafogo  de volta onde nunca deveria ter saído”.

Sandro contou que o gol contra o Marília no jogo do acesso foi o mais importante da carreira dele. Ele revelou que a batida no braço que ficou eternizada foi uma promessa. “Em 99 eu fiz um gol contra o Flamengo. O Botafogo como sempre brigando para não cair. Botafogo não, os dirigentes brigando para não cair. Porque o Botafogo não é para brigar para não cair. O Botafogo, a instituição, não tem culpa de nada. A culpa é dos maus dirigentes. Aí eu fiz o gol de falta e bati no braço e gritei: ‘Segunda não. Botafogo é primeira’. E naquele ano o Botafogo não caiu”.

Sandro falou sobre o estádio Caio Martins em Niterói-RJ, que foi anunciado nesta semana que deverá ser devolvido em 2021: “Eu gostava de jogar no Caio Martins. Mas eu preferia jogar no Maracanã. O Maracanã é encantador. Mas na Série B o Caio Martins foi muito importante”.

Quanto ao fato de ter declarado que queria ter começado, ter ficado mais tempo e encerrado a carreira no Botafogo, Sandro comentou: “Eu queria ser igual Nilton Santos, que começou e terminou a carreira no Botafogo. Eu queria ter tido este privilégio. Quando eu estava em Portugal, o pessoal queria que eu voltasse para o Botafogo, mas meu futebol já tinha caído e eu não estava mais à altura para jogar no Botafogo. Eu amo esse clube. O Botafogo é diferente. Aprendi a amar o Botafogo no sofrimento. Fui escolhido”.

O ex-zagueiro comentou ainda sobre o fato de sua imagem estar pintada no tradicional muro de General Severiano. “Não paguei para estar ali. Nenhum ali pagou para estar. A maior conquista da minha vida é estar naquele muro”.

Sobre a votação do site Globoesporte.com, em que foi escolhido o 5º melhor jogador do Botafogo no século XXI com mais de 6 mil votos pela internet, Sandro disse o seguinte: “Fiquei muito feliz. Ser escolhido o melhor zagueiro de Botafogo em 20 anos. Não esperava. Estou lá. Agradeço à galera do Fogão”.

Assista à LIVE completa:


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