O ano era 1968, de um lado o Botafogo do
técnico Zagalo com: Cao, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos
Roberto e Gérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo César;
Do outro a equipe do Vasco que, se fizesse
uma busca no Google escalaria aqui, mas para ser fiel, lembro do Buglê,
Ferreira, Brito, Fontana e o Nado.
Aos oito anos, não tenho na memória outro
jogo antes deste, talvez por ter sido um jogo decisivo. Lembro na sequência de
Botafogo 4 x 1 Flamengo, decisão da Taça Guanabara, também em 1968.
Durante as horas que antecederam a partida
contra o Vasco, foi se instalando um clima eufórico na minha casa.
Meu pai, que era um torcedor contido e
minha mãe, que até então se dizia flamenguista, conversavam sobre o jogo durante
o almoço daquele domingo.
Minhas irmãs e eu fomos nos envolvendo com
aquele clima. Que horas é o jogo, pai?
Percebendo o nosso interesse, nossa mãe ‘inventou’ de costurar uma bandeira
branca e preta.
Faltavam poucas horas para o início do
jogo, embora eu sempre tenha convivido com uma máquina de costura ELGIN
encostada em um dos quartos, não era comum minha mãe sentar e costurar.
Mas lá estava ela com a garra das
costureiras do barracão do Salgueiro, lá estava ela envolvida com agulhas e
dedais, retalhos e linhas, costurando a bandeira que seria hasteada, como a
vitória dos expedicionários brasileiros em Monte
Castelo e Montese.
Faltando alguns minutos para o jogo
começar e com a voz de Waldir Amaral no rádio; com minha mãe acelerando o pedal
da máquina como quem precisa pegar velocidade para saltar em voo livre;
Com meu pai, supersticioso, duvidando de
que a bandeira estaria pronta antes do jogo; com a nossa tensão crescendo
diante de um desastre anunciado, finalmente, minutos antes do juiz apitar,
minha mãe gritou:
Está pronta! A bandeira está pronta!
O Botafogo venceu por 4x0 e foi campeão
carioca.
Depois do jogo corremos com a bandeira
pela calçada e ela virou um símbolo que, por anos, ficou na parede do meu
quarto.
Depois desse jogo minha mãe se transformou
na maior botafoguense da família.
Ricardo Mezavila
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