quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Cuide da gente lá do céu


Eu sentei ao lado dele. No dia anterior, o Botafogo havia, salvo engano, empatado com o Grêmio após estar vencendo o jogo por 2 a 0. Perguntei ao Nilton se ele tinha visto o jogo. Ele me respondeu: “Meu filho, eu não vejo mais futebol”.

Nos últimos anos, ele esteve internado. Com Mal de Alzheimer, a memória do Enciclopédia não era mais a mesma. Liguei algumas vezes para a esposa dele para saber notícias. Nenhuma novidade. Nilton Santos de vez em quando recebia visitas de jogadores do Botafogo.

A camisa alvinegra com a estrela solitária foi a única de um time profissional que ele vestiu depois do Flexeiras, o time do bairro onde ele morava no Rio, que depois virou aeroporto. Além das camisas do Flexeiras e do Botafogo, Nilton Santos só vestiu as das seleções carioca e brasileira. Não perdeu nenhuma das 26 decisões que disputou.

Era compadre de Garrincha. Na entrevista concedida a este jornalista em 2004, ano do centenário do Botafogo, ele revelou que a bola não passou debaixo das pernas deles, no tal drible que teria garantido a contratação do Anjo das Pernas Tortas.

Minha irmã acaba de ligar e dei a notícia a ela. Ela falou: “É, chegou a hora dele”. Realmente, ele estava com 88 anos. Já vinha sofrendo muito. Melhor descansar.

Wesley Machado

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