Pesadelo de olhos abertos

Eram 16h57 quando o despertador tocou. Pulei da cama, carreguei travesseiro e cobertor para o quarto das crianças. Liguei a TV depois de me atrapalhar um pouco com dois controles-remoto. Doce ilusão infantil em ver pela primeira vez o Fogão versão 2012. O uniforme laranja do Nova Iguaçu não assusta, pensei comigo. Logo a um, dois minutos de bola rolando, tinha absoluta certeza de que ver a rede adversária estufando seria mera questão de tempo.

Andrezinho, de falta, faz o goleiro intervir. De novo a mesma cena, logo depois. Aos poucos, o ímpeto do time diminuiu. Na mesma proporção, minhas convicções iniciais foram aguando. Vi Renato se esforçando, Andrezinho voltando para buscar jogo, Márcio Azevedo sendo razoável... E só! Jéfferson, Antônio Carlos e Fábio Ferreira corretos contra um time sem ataque. Lucas variando entre tímido e atrapalhado quando conseguia apoiar. Marcelo Mattos, o de sempre.

Lá na frente, onde nossas esperanças estão depositadas em três pares de chuteira, só decepção. Elkeson entrou em campo? Ah, sim, ele tentou driblar um zagueiro, caiu e, já deitado, conseguiu arranjar um escanteio após carrinho imprudente. O "Mago" Maicosuel correu, ciscou, e nada produziu. O protetor bucal personalizado de Loco Abreu chamou muito mais a atenção do que seu desengonçado futebol. No mais, apenas gesticulou e reclamou da arbitragem.

Oswaldo Oliveira instruiu, mexeu no time. Pôs até o Caio! Não pode ser condenado por omissão, pecado (um deles!) do antecessor Caio Júnior. Sem inspiração, lento e desarrumado, o time decepcionou. Ainda bem que o treinador não caiu na desculpa fácil de criticar o gramado, como fizeram alguns atletas. Me arrependi de ter interrompido um gostoso sono da tarde de domingo para observar a equipe. O Botafogo ficou no 0x0. Eu perdi. E feio!