O jogo final
do Brasileiro de 1995, reprisado neste domingo (07/06/2020) pela Rede Globo de
Televisão, consolidou ainda mais a importância do goleiro Wagner para a
conquista do título do Botafogo. Wagner fez pelo menos três grandes defesas no
segundo tempo após o Santos empatar a partida no início da segunda etapa e
pressionar até o apito final de Márcio Rezende de Freitas.
Se o árbitro
foi muito criticado por sua atuação ao validar o gol impedido de Túlio
Maravilha, não anular o gol de Marcelo Passos para o Santos depois de Marquinhos Capixaba conduzir a bola com a mão e anular o gol de Camanducaia do Santos após lance duvidoso, o
mesmo não pode se dizer de Wagner, que teve uma atuação irrepreensível.
Wagner era
muito questionado no Botafogo e não fosse a sua atuação de gala na final não
seria tão respeitado como é na contemporaneidade. Um dos goleiros que mais vestiram a camisa do
Botafogo, Wagner está na galeria dos maiores ídolos do clube. Wagner seguiu a
tradição de goleiros negros do Botafogo, desde Adalberto e Manga, passando por Ubirajara Alcântara, Zé Carlos e Borrachinha, até mais recentemente com os goleiros negros Max e Jefferson, que mantiveram a tradição do Botafogo.
A posição de
goleiro já é uma posição difícil, onde o goleiro é o único que não pode falhar. A cobrança é ainda maior quando o goleiro é negro e vive a síndrome de Barbosa, goleiro negro
que morreu sendo culpado pela derrota da Seleção Brasileira para o Uruguai na
Copa de 1950. Portanto, Wagner conseguiu mostrar em campo que era capaz e
marcou seu nome na história, apesar da desconfiança de muitos torcedores, dirigentes e imprensa, que o discriminavam por conta da cor da pele dele.
Wagner
venceu na vida. Mas mesmo depois de ser Campeão Brasileiro pelo Botafogo como o
melhor jogador em campo na final, foi crucificado com uma história de que ele era míope
e não enxergava à noite. Conviveu anos com a perseguição de torcedores, dirigentes e imprensa, que o acusavam de falhar em jogos à noite. Depois de quase 10 anos
de Botafogo, saiu do clube “de forma meio melancólica”, como afirmou em entrevista.
Espera-se que quase 25 anos depois da atuação salvadora do goleiro negro Wagner, que
garantiu o título brasileiro do Botafogo, e agora com o tema do racismo mais em evidência, ele seja mais reconhecido como grande goleiro que foi.
Escrito pelo Jornalista Wesley Machado